Sobre a euforia da copa do mundo em Cuiabá em 2014, o colunista Daniel Lopes escreve: O rio Cocô iabá e a Copa do Mundo

Os gastos de divulgação da “marca” Agecopa para nada serviram, pois ela não existe mais. E quem será responsabilizado pelo gasto - que sempre é alto – em publicidade, que divulgava uma autarquia que não mais existe? Como sempre, o único que é responsabilizado é o pagador de impostos.

Veja o Artigo:

Morando aqui na Capital, todos os dias ouvimos pessoas empolgadas falando sobre a Copa do Mundo que vem para Cuiabá.

Numa mistura de desconhecimento e excessiva empolgação, muitas dessas pessoas, alienadas pela mídia oficial, deliram como se o mundo passasse a ser dividido em antes e depois da Copa em Cuiabá. O que muitas dessas pessoas não vêem ou não querem ver é que nossos governantes, nas três esferas; Municipal, Estadual e Federal, ficam o tempo todo usando de eufemismos para esconder os seus terríveis ardis, que podem levar esta nação a um caos parecido com o da Grécia, se essa gastança não for controlada.

A primeira grande mentira foi a Agecopa, uma autarquia inútil e perdulária criada pelo sojicultor e que se tornou um sumidouro de recursos públicos, e sua principal finalidade foi dar vitrine a políticos esquecidos pelo voto popular. A tal Agecopa, segundo alguns juristas nasceu inconstitucional, gastou em salários e despesas no seu curto tempo de existência um valor suficiente para construir um grande hospital aqui na capital, e provando quão inútil era acabou numa canetada do governador.

Logo de saída seus seis diretores receberam um mimo do governo estadual. Cada um recebeu um veiculo sedam C-4 Palass novinho, cujo preço anda ali pela casa dos 70 mil.

Os gastos de divulgação da “marca” Agecopa para nada serviram, pois ela não existe mais. E quem será responsabilizado pelo gasto - que sempre é alto – em publicidade, que divulgava uma autarquia que não mais existe? Como sempre, o único que é responsabilizado é o pagador de impostos.

Nessa balburdia de intermináveis vaidades, os governantes não dizem, por exemplo, que nos dois jogos – isso mesmo Cuiabá terá dois jogos da Copa do Mundo – os ingressos mais baratos partirão da casa dos 120 reais, algo totalmente fora da realidade da grande maioria dos “amantes do futebol”. Alem de toda a gastança em construção e reforma de estádios Brasil a fora, existe a “cupinzada” de sempre - velhos políticos e políticos decadentes - que formaram suas “Agecopas” em seus estados para “dirigir melhor os trabalhos”.

Na verdade essas raposas estão lá com a conhecida finalidade do serviço publico Brasileiro que é “Criar dificuldades para vender facilidades”. Os propositais atrasos nas obras são o mais ignóbil ardil, para que políticos espertos e empresários desonestos – que vivem como abutres em volta de obras publicas – justifiquem a urgência para a cobrança abusiva dos serviços executados; tanto que o governo petista chegou a propor uma lei que dispensasse licitações nas obras e sigilo nos gastos, algo quase inacreditável e que só não prosperou pela incansável luta de uns poucos senadores da Republica.

A coisa é tão escabrosa que a FIFA está querendo legislar em nosso país, fazendo Lobby pela aprovação da chamada Lei Geral da Copa, cuja finalidade é tornar o Brasil uma “Fifalândia”, onde a FIFA poderá tudo, decidindo desde qual cerveja será vendida ou não nos estádios; quem poderá narrar e filmar os jogos, entre outros. Querem cassar até a meia entrada para estudantes, idosos e deficientes, e por aí vai. O absurdo é tamanho que pela lei, se um individuo pintar seu muro com a palavra ‘Copa” ele poderá ser preso ou multado. Isso mesmo, a presidente petista Dilma mandou ao congresso nacional um projeto de lei que tira direitos dos Brasileiros e dá a uma entidade financeira mundial do futebol; a FIFA.

O projeto de lei é tão absurdo que alguns juristas dizem que se ele for aprovado os Brasileiros podem mudar sua nacionalidade para “Fifaleiros”. É difícil acreditar que o Partido dos Trabalhadores, que a duras penas chegou ao poder nesta nação possa propor uma ignomínia dessas ao seu povo.

Todos os dias ouvimos falar em “Soberania Nacional” como foi a não extradição do terrorista Cesare Battisti, que por alegada questão de soberania nacional ficou por aqui “di boa”. Para os petistas devolver um pária internacional para que seu povo cuide dele é afronta a soberania nacional, mas cassar direitos do seu povo para atender uma empresa chamada FIFA, não fere a soberania nacional. Isso mostra como mudam os pontos de vista quando se chega ao poder.

Somos uma nação jovem, com claros sinais de prosperidade e melhoria dos níveis sociais, mas ceder a tamanho absurdo e sermos levados a uma louca gastança em nome de alguns jogos de futebol, sem medir a conseqüência futura disso mostra como ainda precisamos amadurecer como democracia.

Aqui em Cuiabá – uma das doze cidades sede – qualquer buraco aberto para remendar cano, tem uma placa com os dizeres “Obra da Copa”. Os espertalhões de sempre se engalfinham para defender seus projetos ; VLT , BRT , etc.. Sempre pensando “no melhor para o povo” , convenientemente omitindo que não estarão aqui quando este estado não conseguir pagar as contas dessa gastança louca.

Os defensores do transporte moderno de Cuiabá , sempre alardeiam que “Cuiabá merece um transporte moderno e de qualidade” , coisa que eu não discordo, mas onde está o senso de prioridade deles? Enquanto criaram a perdulária e inútil Agecopa, pessoas morreram nos insalubres hospitais e pronto socorro da capital ; enquanto querem gastar 1 bilhão de reais no tal VLT, diariamente o nosso lindo e imponente Rio Cuiabá, recebe milhares de litros de esgoto sem tratamento, poluindo o Pantanal e contaminando a água tão necessária a nossa vida.

Não temos como criar outro rio e nem fabricar água limpa, mas a Copa do mundo não se interessa por isso e o povo iludido e abestado não vê que os investimentos estão sendo feitos no foco errado.

O rio que deu nome e vida a esta cidade, esquecido pela Copa do mundo e seus cupins vai aos poucos morrendo calado, indefeso diante de tamanho descaso e covardia e numa tragicomédia ganhando um indigesto apelido de rio Cocô iabá.

Mas e daí? O povão gosta mesmo é de pão e circo. E os políticos sabem disso.

Daneil Lopes é Colunista do Porto Notícias em Cuiabá