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terça-feira, 14 de maio de 2013

Riva é apenas um símbolo


O deputado estadual José Riva (PSD) tem ocupado parte de seu tempo e dinheiro para convencer a população, ou a si mesmo, que essa nova postura da justiça de implementar maior agilidade na tramitação dos seus processos atende a interesses de grupos políticos rivais. “Plantação geral com impressões digitais, dizem que de Brasília.”, escreveu o jornal A Gazeta outro dia, insinuando que tem o dedo de algum desafeto nesse episódio. Não é nada disso. Para a infelicidade do deputado, não é. Difícil fazer descrerem nisso, mas nenhum político tem esse poder todo em Brasília. Riva, ou melhor, o simbolismo que a imagem de Riva significa hoje, tornou-se maior que qualquer político, e maior do que imaginam.

Riva errou no momento em que não percebeu as mudanças que estavam ocorrendo nacionalmente. Em meio a tantos processos que já tramitavam, optou por apenas protelá-los, mesmo no momento em que tinha diversos “amigos” na justiça.

Riva é insuperável no trato do varejo da política regional, mas ocupando-se disso, e focado e tendo sucesso nessa forma de agir imaginou ser possível controlar a justiça e os processos contra si atuando apenas regionalmente. Não percebeu a importância da criação do Conselho Nacional de Justiça que aposentou 10 magistrados do tj-MT – falo mais sobre isso logo abaixo – que deu esperança, impulso e ousadia aos movimentos sociais e cidadãos, e encorajou atitude aos membros da verdadeira Justiça deste estado.

O deputado errou também ao não ter se dado um tempo nessa alternância entre a presidência e a primeira secretaria da assembleia. Pra piorar, alterou o regimento interno da Casa de modo a se perpetuar e em busca de ainda mais poder. O “nobre” deputado imaginava assumir o governo no momento em que Silval se desincompatibilizasse para se candidatar na próxima eleição. Ao perder a presidência com a decisão do último dia 07 de maio, em que perdeu o cargo de presidente, essa manobra acabou se tornando ineficaz e serviu ainda mais para chamar atenção para si.

No Fórum sobre Liberdade e democracia na Imprensa, que participei em Brasília na semana passada, notei que essa alternância na direção da assembleia é o fator que mais impacta a todos. Riva não teve sensibilidade para puxar o flap no momento certo. Seu pouso seria mais tranquilo, ou ao menos não tão conturbado. Tivesse não assumido a “chefia” da assembleia, e submergido por um mandato, para deixar de ficar em evidência aos olhos do público, deixaria de ser essa referência. Renan soube fazer isso muito bem quando virou escândalo nacional anos atrás. Riva é inteligente e conseguiria isso mantendo o mesmo poder, mas ao contrário disso, obcecado pela política regional e sem se dar conta da conjuntura nacional, se perdeu no momento em que censurou este blog, o que, sem falsa modéstia e ele deve se lembrar, foi o início do seu “reconhecimento” nacional.

Um parêntese aqui: um fato interessante é que tanto a aposentadoria dos 10 magistrados do tj-MT, quanto a situação de Humberto Bosaipo, ocorreram por essa estratégia de enfrentamento adotada por Riva. No processo que culminou com o afastamento dos magistrados está explícito que além do desvio de recursos do TJ, eles serviam de guardiões das ações que poderiam surgir contra Riva, o que por muitos anos o manteve impune.

Bosaipo teve a percepção da necessidade de submergir, e tentou sair de cena lá atrás. Mas não havia jeito. Por estarem envolvidos nos mesmos processos, tanto ele quanto alguns outros também envolvidos, todos acabaram pagando por esse enfrentamento adotado pelo deputado.

Faltou a todos esses processados perceberem que a nova postura da Justiça não partiu de uma pessoa ou grupo político adversário, mas do simbolismo em que José Riva se tornou.

Embora Mato Grosso seja irrelevante nacionalmente, um homem que possui quase duzentos processos, pelos mais diversos crimes que envolvem desvios de recursos públicos, e ainda continua presidindo a assembléia legislativa, tornou-se mais que uma manchete para veículos ávidos por elas, mas um símbolo da impunidade que a cúpula da Justiça brasileira quer atingir.

Não é o nome Riva, e isso é o que menos se lembram fora daqui, mas o caso de um parlamentar que preside a assembleia por 20 anos, com quase 200 processos sem julgamento pela justiça local, autoritário ao ponto de querer e conseguir na justiça (na mesma que o vinha protegendo) censurar blogs críticos a ele, e que permanece impune.

Este é um processo irreversível. Pode levar alguns anos ainda, mas como uma flecha lançada, não tem volta, e tentar lutar contra ele na mesma posição em que está o tornará cada dia mais fragilizado.

Fonte: Prosa e Política

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