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quinta-feira, 30 de junho de 2011

A memória é que faz a história

Enfrentamento da greve na Educação destaca diferença entre Serys e Rosa Neide, nomeada por Abicalil e Ságuas. A primeira, solidária com grevistas, enfrentou governador e apoiou a greve. A secretária de hoje é a primeira a reprimir uma greve justa

A memória é que faz a história. No final dos anos 80, quando Mato Grosso era governado pelo peemedebista Carlos Bezerra, o nosso Estado também assistiu a uma greve do trabalhadores da Educação. Só que, naquela época a secretária de Educação era uma professora chamada Serys Slhessarenko, então filiada ao mesmo partido do governador, o PMDB. Ao contrário do que acontece hoje, naquela época, a professora Serys resolveu enfrentar seu amigo governador e ficar ao lado dos professores. Bezerra mandava Serys demitir as lideranças do movimento grevista - e Serys não demitia. Bezerra mandava Serys cortar o ponto dos grevistas - e Serys não cortava. Resultado: Serys é que acabou sendo demitida pelo truculento governador Bezerra. Só que Serys saiu do cargo nos braços dos professores e dos demais trabalhadores que, durante a greve, passaram a exibir em suas roupas uma tarja preta, em protesto contra a demissão daquela valente professora que defendia a sua categoria.

Os anos se passaram - e hoje a secretaria de Educação se chama Rosa Neide Sandes de Almeida. A professora Rosa Neide foi indicada para o cargo pelo grupo do PT que é comandado pelo também professor Carlos Abicalil, pelo procurador do Estado Alexandre César e pelo médico Ságuas Moraes. Gente que, ao longo do tempo, conseguiu hegemonizar o movimento dos professores, transformando os assalariados que se articulam em torno do Sintep em sua principal base de sustentação no Estado. Foram os professsores, pelo Estado afora, que fizeram de Carlos Abicalil um fenômeno de voto - (pelo menos até às eleições de 2010, quando o fenômeno Abicalil espatifou-se diante do fenômeno Pedro Taques, na disputa pelo Senado da República). À sombra de cada sede do Sintep, nos mais diversos municipios, floresceram as bases de sustentação para o crescimento da carreira política de Abicalil, de Alexandre e de Ságuas. Essas três lideranças políticas, colocaram Ságuas na Educação, no tempo em que o governador era Maggi. Não se pode dizer que Serys tenha discordado disso porque Serys também apoiou Maggi. Agora, que o governador é Silval, e Ságuas havia sido eleito deputado federal, eles indicaram para o cargo a professora Rosa Neide, que já fora secretária de Educação em Diamantino e tem um passado de militancia na antiga Ampe e no Sintep.

Só que, aparentemente, quando ascendeu à função de secretaria de Educação, Rosa Neide se esqueceu do seu passado de professora, se esqueceu dos seus companheiros do magistério e do Sintep, virou as costas para sua categoria. Hoje, Mato Grosso tem, na figura da professora Rosa Neide, a principal repressora do movimento dos profissionais da Educação. Com Rosa Neide não tem diálogo. Rosa Neide não trabalha para resolver a crise que se instalou entre os professores em greve e o atual governo do Estado - parece querer, cada vez mais, alimentá-la.

Os professores, que agora sofrem e esperneiam sob o chicote da secretária indicada por Abicalil, por Alexandre e por Ságuas são, em grande número, os mesmos que, ao longo dos anos, preferiram se afastar da professora Serys e fortalecer uma corrente política, dentro do PT, que acabou produzindo este fenômeno adverso chamado Rosa Neide. Para mostrar o quanto os professores do comando do Sintep se afastaram de Serys basta lembrar que foi o professor Júlio Viana, liderança do Sintep e da CUT e do PT (três mil votos para deputado federal, em 2010) que, no âmbito do PT, recentemente, prestou-se ao papel e foi encarregado da missão (certamente por Alexandre e Abicalil, já que Ságuas neste caso contemporizou) de propor a expulsão de Serys do PT, expulsão refutada pelo diretório estadual.

Será que os professores e demais trabalhadores da Educação, os ditos formadores de opinião da Educação, vão aprender, de uma vez por todas, que tudo que se planta, se colhe? Será que, de todo este episódio, eles vão tirar a lição certa? Será que os professores da Educação vão começar a perceber que as lutas da Educação tem tudo a ver com as escolhas político-eleitorais que cada um faz?

E eu também me pergunto: por onde anda a professora Serys? Por que Serys sumiu das lutas de sua categoria em Mato Grosso? Para ser imprescindível, é preciso lutar sempre. Serys também não tem parte da responsabilidade pelo seu próprio isolamento dentro da categoria dos professores em Mato Grosso?

A memória é que faz a história. Alguém acha que esta história tem uma outra versão? A PÁGINA DO E está sempre aberta a todas as discussões. Estas são reflexões importantes a serem feitas porque algumas mentes estreitas, sempre interessadas em escantear as discussões sobre os investimentos na Educação, tentam fazer crer que a greve de hoje não passaria de um ajuste de contas entre as forças que se enfrentam dentro do PT. Claro, que a história não é tão simples e que a vida não é um poema em linha reta.

Por Enock Cavalcanti do Página do E

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