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quinta-feira, 31 de março de 2011
BBB Bobagem: Por Daniel Lopes
Não sou fã da TV aberta por achar que mais da metade de sua programação é indigna de ter-me como espectador. E entre programas que já cheiram a mofo, como o do Faustão; o do Silvio Santos com seu sorriso plastificado, ou ainda o intragável Gugu e suas excentricidades televisivas, a programação dos principais canais abertos é uma azia geral.
Dos programas feitos para alienar o cidadão, o mais abjeto é o tal BBB. Não sou um ancião ainda, e nos meus idos 38 anos jamais pensei que a televisão chegasse a uma decadência tamanha. Pouco mais de uma dezena de pessoas trancadas dentro de uma casa, fingindo que nada está combinado; é responsável por um índice de audiência expressivo, o que me leva a acreditar que o povo brasileiro está mesmo em decadência ou o tal BBB tem alguma coisa que pessoas como eu não conseguiu ver ainda.
Talvez a farta exposição de bundas e bíceps torneados seja a motivação de alguns assistirem aquilo, mas eu pessoalmente acho que seria um preço alto demais a pagar. Aliás, no que se refere a glúteos femininos, parece que os produtores do BBB fizeram um convenio com a revista Playboy, pois quase todas as mulheres (e agora até transexuais) que por ali passam, invariavelmente acabam mostrando as partes na famosa revista e para desespero dos que apreciam um belo nu feminino agora a revista também é “flex”, pois apresentou na edição de Fevereiro o transexual Ariadna.
Quem diria até a Playboy foi na onda do BBB. Produtor em série de celebridades instantâneas - que após a saída dos breves dias de fama cai no anonimato - o programa é um típico caso onde a emissora de TV faz uma fortuna apresentando um programa que é um lixo cultural sem precedentes. Com um custo baixíssimo, já que é todo feito dentro de uma única casa, o programa é talvez um dos casos mais intrigantes onde o telespectador paga tudo e ainda dá um lucro monstro para a empresa/emissora sem saber, afinal entre os milionários contratos de publicidade, ainda existem as milhares de ligações feitas pelos telespectadores que bancam tudo isso com lucros estratosféricos para as telefônicas e a emissora global.
Quanto às celebridades instantâneas, após sua saída iniciam uma corrida louca para aparecer em qualquer lugar onde haja uma câmera ligada, ou ainda em eventos do terceiro e quarto escalão social, tão bem retratado no humorístico Pânico na TV. Pouquíssimos desses pseudo-artistas conseguem permanecer famosos por mais de um ano, e os casos como o de Grazzi Massafera, Sabrina Sato e do agora deputado Jean Willys, são quase um milagre, já que a maioria é imediatamente levada ao ostracismo onde lutam para manter um título que é quase uma piada, o de “ex-BBB”.
Durante esses anos em que esse programa tosco foi produzido, assisti um episódio inteiro para ter certeza que eu não estava doente, afinal não era possível que só eu não vesse graça naquilo, e entre as palavras cerimoniosas do apresentador, chamando a casa de “nossa nave mãe”, ou “nave looooouca”, ou ainda “nossos heróis”, o que pude entender é que ali estavam pessoas cujo objetivo era trapacear, mentir, tramar e é claro no caso das mulheres fazer certa cena ao colocar a roupa intima, na esperança de que os diretores da Playboy lhe fizessem o convite.
Realmente um programa televisivo de uma torpeza extrema. Até cheguei a pensar que se o programa fosse feito com pessoas comuns e fora do tipo físico clássico de nossa sociedade, ele fosse interessante de ser visto. O premio dado ao vencedor do BBB é outra mostra de como nossa sociedade trata de enterrar talentos e valores culturais verdadeiros. Veja o caso do Premio Jabuti, um importante reconhecimento dado a escritores Brasileiros, inclusive com o premio de melhor livro do ano, mas que em valores entrega ao vencedor apenas 30 mil reais, ou seja, uma pequena fração do que recebe o vencedor do BBB. Isso sem falar em importantes prêmios nas áreas de ciências, tecnologia, saúde e outros, que pouco são divulgados e suas premiações por anos de dedicação e pesquisas são irrisórias.
Naquela balburdia de tolices, onde nada se aproveita a televisão brasileira consegue cumprir bem o seu papel de alienar o povo, que satisfeito responde com bons índices de audiência para programas de gosto duvidosos e conteúdo inútil. Enquanto as grandes redes, Globo, Band, SBT e a TV dos bispos exibem uma indigesta programação, outras emissoras abertas, como Futura, TV Cultura, Rede Vida, Canção Nova entre outras amargam índices de audiências pífios, porque o povo cedeu aos encantos da cultura inútil e alienadora dos BBB’s da vida.
Em um horário que o cidadão poderia estar ajudando o filho nas tarefas escolares, conversando com seus vizinhos na área de sua casa, ou lendo um bom livro, prefere estático, como se anestesiado, sentar-se em frente à TV para ver novelas e depois o BBB, programas que podem destruir sua família e seus valores. Nos últimos tempos o BBB foi o que de pior a televisão conseguiu produzir.
Retrato de uma sociedade sem rumo.
Daniel Lopes é colunista do Porto Notícias em Cuiabá
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