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terça-feira, 24 de maio de 2011

Daniel Lopes escreve: Se ficar doente não venha a Cuiabá


É interessante o barulho que resolveram fazer agora, os gestores da saúde no estado e na capital. Talvez insuflados por paixões afloradas pelas matérias exibidas em rede nacional, onde o Pronto Socorro de Cuiabá – também conhecido como masmorra da idade média – apresenta seres humanos jogados ao chão agonizando, com seus ferimentos ou doenças expostos e contaminando-se mutuamente.

Numa quase piada de mau gosto todos agora podem apedrejar o Pronto Socorro de Cuiabá, tornando-o a Geni, cantada na insossa música de Chico Buarque. O desgraçado Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, agora descoberto como um lugar de morte, já há muito tempo tornou-se o cavalo de batalha de quem quer se eleger ou reeleger.

Sempre as mesmas promessas, sempre as mesmas mentiras, sempre as mesmas caras, mentindo e prometendo o que aquela unidade de saúde não pode fazer. O ex-prefeito de Cuiabá Wilson Santos, em campanha para governador disse ter “investido mais de três milhões na reforma do pronto socorro”, e todos os seus antecessores desde Rodrigues Palma, sempre “investiram” milhões ali, mas nunca ninguém quis resolver de fato o problema.

Talvez porque de reforma em reforma, sempre dá para agradar algum empresário interessado em pintar a fachada do PSMC e faturar mais um milhãozinho para aquela bela propriedade a beira do Lago de Manso, reduto dos endinheirados de MT. Estes quando enfermos vão direto para o Hospital Santa Rosa e temem até passar pela Avenida General Valle, onde fica o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá.

O que essa gente que vive de dar explicações ainda não viu, é que aquela unidade de saúde já nem poderia estar mais ali . Está localizado num buraco, insalubre e sem ventilação, onde o transito não anda, e no caso de uma emergência o paciente pode morrer num engarrafamento tentando chegar lá.

Em vez de pensarem e agirem para construir um novo pronto socorro, ficam eternamente reformando aquele Frankenstein medieval. Nossos ilustres dirigentes, Municipal e Estadual nos últimos anos preferiram construir, por exemplo, o ocioso “Centro de eventos Pantanal”, que sim fica num local, arejado, ventilado, de fácil acesso e rodeado por áreas verdes. Nossos dirigentes nos últimos anos preferiram deixar cavalos e bois onde é o Parque de Exposições de Cuiabá, do que desapropriar aquele local e fazer lá um belo e amplo Pronto Socorro.

O Parque de Exposições fica na confluência de grandes avenidas de Cuiabá, um lugar arejado e grande, mas bois e cavalos são mais importantes que a saúde da plebe, e uma mudança poderiam desagradar os bois e cavalos. Saúde publica para os pagadores de impostos não foi, nem nunca será prioridade dos governantes. Carlos Bezerra, Júlio, Jaime, Dante, Maggi nunca precisaram ser atendidos no Pronto Socorro de Cuiabá e aposto que muitos deles, ou talvez todos os aqui citados só devem ter ido lá na inauguração de uma das dezenas de reformas. Os prefeitos que administraram esta capital, sempre tiveram de conviver com uma injustiça. Quando alguém adoece no interior do estado, a município “embala” o individuo e põe em prática a “ambulâncioterapia”, despachando o doente para a capital e aqui ele só pode contar com Deus.

Nossos governantes são apoiados por deputados que em seus mandatos ficam estufados para dizer que conseguiram “viabilizar” uma ambulância para seus redutos eleitorais, ignorando que o paciente precisa ser tratado e não passear de ambulância até a capital.

Esses mesmos eleitores que bateram palma na praça no dia da “entrega da ambulância”, vem depois morrer aqui na capital, tristes e abandonados à própria sorte. Poderiam ter sido tratados em suas próprias cidades, ou no máximo em cidades pólo, próximas à sua, se nossos governantes estadual e federal tivessem vontade de fazer a coisa certa.

No dia 06 de Setembro de 1999 , este que vos escreve , deu entrada no Pronto Socorro de Cuiabá, vitimado por três tiros de arma de fogo, e já de pronto o médico avisou que era caso de UTI, mas que só havia uma disponível, e seria usada por um outro com mais chance de sobreviver. Simples assim. Só escapei porque Deus é grande e porque minha família me mandou para um hospital particular.

Lá se vão 12 anos, três Prefeitos, e três Governadores, mas nada mudou.

Ao povo de Cuiabá fica a lição, para que quando forem votar analisem quem é o vice do candidato a prefeito, pois vai ser ele quem vai administrar a cidade, já que os prefeitos da Capital sempre querem ao cabo de dois anos de mandato, lançarem-se candidato a governador, entregando a cidade a ilustres desconhecidos como o que agora administra Cuiabá.

Entre tantas mentiras, promessas e engodos, temos ainda que ter cuidado com os “que amam Cuiabá”, afinal um deles proprietário de um canal de TV, já se lançou candidato a prefeito e coincidência ou não, seus telejornais batem diariamente na administração municipal.

Mas e a saúde? Ah! A saúde vai bem, basta não precisar usar a rede pública.

Daniel Lopes é colunista do Porto Notícias em Cuiabá

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